sábado, 26 de fevereiro de 2011

Onde estaria Eu? - Stênio Marcius


Onde estaria Eu?
Stênio Marcius

Lá vem um Homem
Saiu de um beco
Desceu a rua
Cruzou a praça

Em direção ao templo vai
Ai meu Deus!
Traz um chicote nos ombros
Trançado por suas mãos

Lá vem um Deus
Vem decidido
Indignado
Zelo incontido

Quem ousaria então cruzar seu caminho?
Vai começar seu juízo
E é pela casa de Deus

Voa cadeira, voa barraca
Voa mesa e moeda

Passa boiada, passam ovelhas
E os devotos da barganha

Corre quem vende, corre quem compra
Corre quem intermedia

Mas o que foi alí orar, permaneceu

Mas e eu, sinceramente, onde estaria eu?
Ajoelhado e contrito ou correndo com medo de Deus?

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A Morte não é um Fim em Si Mesma

“E o mandamento que era para vida, achei eu que me era para morte.”

Romanos 7.10


O “Cristão” atual é muito diferente do original. Faço questão de escrever “Cristão”, dessa forma, porque o significado que esta palavra carrega, atualmente, se distanciou demais da sua etimologia, do seu sentido. “Cristão” não bebe. “Cristão” não fuma. “Cristão” não ouve musica secular. “Cristão” não fala palavrão. “Cristão” não acha graça dos outros, porque não se assenta na roda dos escarnecedores. Esse é o “Cristão”. Tão vivo quanto uma estátua pode ser.


Paulo nos fala deste mandamento, que era para vida, mas ele achou que era para sua morte. Paulo enxergou os mandamentos sob a perspectiva do “não”. Ele era fariseu, criado aos cuidados de Gamaliel. Estava acostumado a coar mosquitos e engolir camelos. Quando enxergamos os mandamentos sob esta perspectiva, encontramos um monte de morte. Olhamos apenas para o que devemos deixar de fazer. Morrer é deixar de fazer. Morto faz tudo o que o “Cristão” faz, ou seja: Não faz nada. Se é apenas para deixar de beber, fumar, drogar e se prostituir, mate o cidadão! Te garanto que isso torna tudo mais fácil.


Quando entendemos que toda morte, no cristianismo verdadeiro, é para gerar vida, todo processo de paralisação será destruído. Eu paro de beber, mas começo a orar. Eu paro de semear contendas, mas começo a pregar o Evangelho. Eu paro de me prostituir, mas começo a amar a pessoa incondicionalmente, independente do que ela possa me oferecer. O mandamento não é para a morte. O mandamento é para vida. Então viva. Se a morte que há em você não está gerando vida, comece a orar nesse sentido. É possível que não seja uma morte que deva ser morrida. Se o grão de trigo morre, ele deve produzir fruto. Se não produz fruto, pode ser que não seja um trigo morrendo. Talvez uma pedra. Talvez uma casca vazia. Mas não uma semente.


Vinícius Santos Albuquerque

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Tendo Tudo Sem Ser Dono de Nada

“E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns”

Atos 4.32


“Mamãe... Eu quero”, diz a criança com poucos anos de idade, que ainda pronuncia mal as palavras. Desde pequenos somos hipnotizados para vivermos em um sistema de trocas e posses. A idéia de posse e de barganha está na cultura do homem. Nossos filhos são ensinados assim. “Se você não fizer bagunça, papai leva você pra tomar sorvete”. Assim, aprendemos que os relacionamentos se baseiam na troca, no escambo.


É assim que os professores se relacionam com os seus alunos; é assim que os pais se relacionam com os filhos; é assim que os casais se relacionam entre si; é assim que os patrões se relacionam com seus funcionários. “O que é meu, é meu. Não pode ser dado de graça”. Eis o problema que temos para aceitar a graça divina.


Deus, em sua soberania, escolhe dar o Seu Filho, simplesmente porque ama, e ama porque ama, e ponto final. E mais: Ele ainda pede que esta mesma atitude seja repetida em nós, em nossos relacionamentos. Ele pede que você dê ao que te pede, e não te desvies de quem te pede emprestado. Ele pede que você perdoe aqueles que te ofenderam, assim como você foi perdoado por Ele. E isso só é possível quando se considera tudo o que é seu como sendo dos outros.


O benefício de viver assim é simples: A sua irritabilidade diminuirá até desaparecer. Se considero a minha paciência como sendo do homem mais chato da empresa, não serei irritado por ele. Se considero o meu tempo como sendo da minha família, não ficarei chateado se as minhas programações forem frustradas. Ao crescer nesta consciência, estaremos crescendo em graça. Tudo é de todos. Nada é meu.


Quando vivo numa comunidade que tem esta consciência, terei sempre tudo sem ser dono de nada. O que eu tenho é só o que os outros me dão e o que os outros têm é só o que lhes dou. O sentimento de possessão é destruído à medida que a minha consciência cresce nesta direção. Passe pelas parábolas e por Atos dos Apóstolos. Você não verá nada além de pessoas se fazendo dependentes de outras sendo exaltadas e pessoas que se fazem independentes sendo condenadas.


Vinícius Santos Albuquerque