quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A Esperança da Glória

“E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado”

1 João 3:5

Acredito que a maior evidência de salvação é o desejo natural por santidade baseado num anseio por comunhão com Deus. Preste atenção: Santidade para COMUNHÃO, e não para nenhuma outra coisa. Vivemos em tristeza profunda por nosso pecado. Nós, simplesmente, não conseguimos fazer nada direito! Mas ainda há esperança...


Cristo se manifestou para tirar nossos pecados. A Estrela da Manhã, a luz que não fica debaixo do alqueire, se manifestou para tirar nossos pecados. Para tirar os nossos pecados. Essa fé me motiva a prosseguir nessa estrada. Nossa esperança tem fundamento. E ela só tem fundamento por um motivo: Cristo em nós é a esperança da glória. A prova de que um dia a glória será revelada em nós está no fato “Cristo habita em mim”.


O que pacifica a minha alma, sossega o meu espírito, o que me livra do desespero do “talvez eu não alcance” é a afirmação “Cristo habita em mim”. Ele é a garantia. Estou plenamente convicto disso. Se Deus se afastasse de mim a cada vez que peco, eu estaria condenado. Se é o Espírito que me convence do pecado, possibilitando assim o arrependimento, como me arrependerei sem Ele? É Ele que me atrai com seus laços de amor, que vivifica o meu espírito segundo a bondade do Seu infinito amor, que renova as suas misericórdias sobre mim a cada manhã.


Eu creio, sim, na perseverança dos santos. Eu creio que Deus é a garantia de que eu viverei com Deus para sempre, refletindo a Sua glória. Eu creio. E é essa fé que me leva ao “quarto dos tesouros” de Deus, onde encontro sabedoria, mansidão, domínio próprio, alegria, amor, gratidão, pureza, sensibilidade e tudo mais que uma alma convertida pode desejar.


Vinícius Santos Albuquerque

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Pagando as Dívidas

“A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei”

Romanos 13:8


Muitas são as dívidas que adquirimos ao longo das nossas vidas, mas o apóstolo afirma que a única dívida impagável para nós deve ser o amor. O amor é aquilo que nunca é demais, que sempre está em falta, que nunca alcançaremos. É uma dívida maior do que podemos pagar. Esta dívida é impagável porque o amor com o qual Cristo nos amou não tem preço. É imensurável na sua quantificação.


Enquanto tentamos pagar o mal com o mal, o que encontramos é outra dívida. Alguém me faz mal. Eu pago com mal. Ele acha que eu paguei mais do que devia, então me devolve o mal. E este ciclo se torna infinito, até que alguém pague realmente a dívida. O mal só gera dívidas, nunca paga. Isto acontece por uma questão de consideração. Quando considero que me devem, ajo como um cobrador de impostos. Quando considero que devo, tento pagar.


Se me sinto sempre em dívida de amor com os outros, automaticamente terei todas as minhas dívidas pagas. Se me sinto sempre com crédito (outros me devem), estarei sempre em dívidas. Este é o paradoxo do reino de Deus aqui na terra. Pagamos quando cremos que é impagável, vivemos quando morremos, mudamos quando deixamos de tentar nos mudar por nós mesmos e deixamos que Deus nos mude. E só é paradoxo por causa do pensamento aprisionado ao mundanismo que temos. Devemos renovar a nossa mente até que possamos enxergar isso como o natural e não como aparente contradição (paradoxo).

Hoje é dia de quitar as suas dívidas. Para isso, basta se enxergar como devedor.


Vinícius Santos Albuquerque

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Buscando o Reino de Deus

“Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas.”

Mateus 6.33


Já ouvi diversas pregações sobre este texto e a ênfase é sempre a mesma. Alguns interpretam “Reino de Deus” como a agenda de sua igreja local. Alguém que freqüenta todos os cultos, participa de todos os eventos e comparece a todas as reuniões é alguém que está buscando o Reino de Deus. Outros, mais conservadores, pregam dizendo que se deve buscar o Reino de Deus através das disciplinas espirituais e não apenas fazer isso. É buscar o Reino em primeiro lugar e buscar trabalhar em segundo, senão Deus não te supre com roupas e alimento (promessa do capítulo em questão).


Eu, pessoalmente, não concordo com nenhuma das duas aplicações. A primeira falha ao definir como Reino de Deus a comunidade local, a denominação. Isso não é uma verdade bíblica, porque o Reino de Deus não tem uma geografia definida. “Nem dirão (a respeito do Reino): Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós” (Lucas 17.21). A segunda aplicação falha, na minha opinião, ao definir haver um primeiro e um segundo lugar. E é aqui que está a ênfase desse texto.


Jesus, ao proferir estas palavras, não colocou nada em segundo lugar. É o primeiro lugar e ponto. Não existe outro lugar. Buscar o Reino em primeiro lugar é para todas as áreas. Devemos buscar o Reino em primeiro lugar nas finanças, nos relacionamentos, na vida! Em tudo o que fazemos, o Reino está em primeiro lugar. Se trabalho, o Reino é o primeiro lugar no meu trabalho. Se estudo, o Reino está em primeiro lugar neste estudo. O que Jesus está dizendo neste versículo é: Viva para a glória de Deus.


Se você tem muito ou pouco, está triste ou alegre, tem trabalho ou não, é casado ou não, está comendo ou bebendo, não importa, o Reino deve ser o primeiro em tudo o que você faz. O Reino está dentro de nós. É paz, justiça e alegria no Espírito. Quando estas 3 coisas estão em nosso coração em tudo o que fazemos, estamos buscando o Reino em primeiro lugar.


E quanto à sustento, olhe para trás e pense: Quantas vezes você achou que não ia dar? Quantas vezes você passou sufoco? Quantas vezes você achou que ia ficar sem casa? Mas você chegou até aqui comendo, vestindo e morando para a glória de Deus. Talvez não aconteceu do jeito que você esperava ou desejava, mas aconteceu. Busque o Reino também através desta gratidão, pois a vida na graça não se baseia no que Deus pode fazer, mas no que Ele já fez. Não é pelo que Ele pode me dar que O sirvo, mas pelo que Ele já me deu naquela cruz.


Vinícius Santos Albuquerque

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Arrancando o Mal pela Raiz

“Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão.”

I Timóteo 6.9-11


Para quem não sabe, moro no Espírito Santo. Passamos por muitas chuvas esses dias. Alagamentos, enxurradas, mortes. A água estava na altura do joelho na minha rua. E é interessante assistir a mudança impressionante no comportamento de todos os que habitam os lugares que passam por momentos difíceis. Um senso de solidariedade mútua se instala. Na minha rua, quando eu passava, as pessoas perguntavam se eu queria ajuda, se a minha casa tinha sido alagada. Isso me trouxe lembranças antigas da favela “Cidade de Deus”, onde morei na minha infância.


A maioria dos moradores das favelas não tem grandes ambições. Vivem com o pouco, sempre dizendo: “O pouco com Deus é muito, e o muito sem Deus é nada”. Dormem o sono dos justos, com a consciência tranqüila, sem peso nenhum. Prezam pela justiça, pela ética, por viver em paz. O resultado é um pedreiro feliz, uma dona de casa apaixonada por seu esposo, filhos que se sentem amados por seus pais. Dê uma garrafa PET vazia a uma criança de favela e ela logo se transformará em espada, em trave de golzinho de pelada de rua, em bastão de baseball que rebate as pedras lançadas pelo coleguinha.


Enquanto isso, os apartamentos na beira da praia estão vazios. Os donos estão trabalhando na empresa. Quando os apartamentos estão ocupados, os donos estão trabalhando ali, através da internet, do celular. O stress aumenta, o período de sono diminui, a preocupação e a ansiedade estão sempre presentes. Os prédios têm sauna, piscina, quadra de tênis, futsal e etc. Apesar disso, estão sempre vazias. Os donos não têm tempo.


Isso acontece porque os que querem ser ricos caem em tentação. Caem em um laço, onde são amarrados e não conseguem mais se soltar. Caem em muitos desejos incontroláveis loucos e nocivos, como o apetite excessivo, os muitos celulares, cada um com uma tecnologia diferente, e milhares de bugigangas que serão esquecidas no próximo mês, quando será lançado um modelo novo. Estes desejos afundam o homem na perdição e na ruína de valorizar mais as coisas do que as pessoas. Como disse alguém: “Se as coisas são para serem usadas e as pessoas para serem amadas, por que amamos as coisas e usamos as pessoas?”


O amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males. Por dinheiro se mente, se rouba, se mata. Por amor ao dinheiro se inveja, se cobiça. Por possuir o dinheiro, se ensoberbece, se entristece na vida solitária de quem tem medo de perder tudo em uma amizade falsa. E nessa cobiça alguns se desviam da fé, transpassando-se com muitas dores. E nós, que nos consideramos homens de Deus, devemos fugir dessas coisas.


Devemos seguir a justiça, que consegue viver na ética, sem agir de má fé para ganhar algum benefício nisso. Devemos seguir a piedade, que busca em Deus um padrão amoroso que a faz se apiedar de todo o que passa por seu caminho. Não se pisa em ninguém, nem por orgulho, nem por ambição. Devemos seguir a fé, sem nos desviarmos para buscarmos outras coisas. Devemos seguir ao amor, que não busca o seu próprio benefício. Devemos seguir a paciência, que a maioria dos empresários não tem com nenhum de seus funcionários. Nestes empresários sobram cobranças ásperas e grossas. Devemos seguir a mansidão; mansidão essa que não habita o coração de nenhum riquinho empavonado, que exige os seus direitos simplesmente por ter “pagado” por aquilo.


Vinícius Santos Albuquerque

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Uma Exposição Sobre a Justiça no Evangelho

“Porque não me envergonho do Evangelho, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego. Pois nele se revela a justiça de Deus de fé para fé, como está escrito: ‘Mas o justo terá vida e viverá por fé’.”

Romanos 1.16-17 (Versão Restauração)


Não sei se você já percebeu, mas o cristianismo do Brasil está em reforma. Não há um estado brasileiro em que não se fale de retorno às Escrituras, das doutrinas bíblicas da graça, de homens como Spurgeon, Edwards, dos puritanos em geral. Acredito que isto é resposta de tantos anos de oração por avivamento. As bases estão sendo construídas. Há, porém, um erro muito comum em que caímos quando se fala da graça de Deus.


Tenho ouvido alguns pregadores falarem da graça de Deus sem criar a base dela, que é a justiça de Deus. A justiça de Deus é a base da graça. Por isso, para falar da salvação, para falar da graça, para pregar o evangelho em meio aos romanos (Romanos 1.15), Paulo começa falando da justiça de Deus. O Evangelho é o poder de Deus para salvar todo o que crê. Este “todo” significa “toda raça”, demonstrando que ninguém é salvo por ser judeu, grego, etíope ou brasileiro. A seguir, Paulo diz que a razão de o Evangelho ser o poder para salvar é a seguinte: O Evangelho revela a justiça de Deus. Esta revelação tem a sua origem na fé e precisa encontrar fé no coração de quem a recebe para se estabelecer como poder salvador.


Acredito que não entendemos a profundidade destes versos. Paulo está dizendo que o Evangelho só é poder para salvação quando revela a justiça de Deus. Se a justiça de Deus não é revelada no evangelho que você prega, não é o Evangelho que você está pregando. Simples assim. Se o seu evangelho não revela a justiça de Deus, não há poder salvífico nele! Na versão Restauração da Bíblia, encontrei um comentário interessante:


“Em João 3.16, o amor de Deus é a origem e o motivo da salvação de Deus. Em Efésios 2.8, a graça de Deus é o meio da salvação de Deus. Aqui, a justiça de Deus é o poder da salvação de Deus. A justiça de Deus, que é sólida e firme, é o fundamento do Seu trono (Salmos 89.14) e é a base na qual está edificado o Seu reino (Romanos 14.17). Legalmente, tanto o amor como a graça podem oscilar, mas a justiça não; muito menos a justiça de Deus. É a justiça de Deus, não a nossa, que é revelada no Evangelho de Deus. Portanto, o evangelho é o poder de Deus para salvação de todo o que crê”

Witness Lee, Novo Testamento Versão Restauração, 2008, Primeira Edição


O amor e a graça oscilam se não forem construídos sobre a rocha da justiça de Deus. Tornam-se libertinagem. Mas quando o amor e a graça são construídos sobre a justiça de Deus, a casa, de onde os “sete espíritos” foram expulsos, fica firme, podendo passar por tempestades e angústias sem desmoronar.


Vinícius Santos Albuquerque