terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Não Transfira o Seu Coração para o Seu Bolso

“Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus”

Mateus 5.20


Era comum dos fariseus lavarem as suas consciências com atos superficiais de generosidade. Eram feitas orações públicas para que os homens considerassem sua pureza diante de Deus; e eram concedidas esmolas, da forma mais pública possível, para que os homens considerassem sua pureza diante dos homens. Eram atos purificadores de consciência. Assim os fariseus lavavam suas mãos. Transformavam o relacionamento com Deus em motivo para publicidade. Transformavam a esmola em evidência de misericórdia. Estas eram evidências sem valor.


Meu apelo para você, que lê este texto, é esse: Não transfira seu coração para o seu bolso. Não pense que dar dinheiro é a sua maior prova de amor. O senso de bondade cristã está sendo cada vez mais baseado nas finanças. Este é o sistema que diz “Se amo a Deus, dou ofertas rechonchudas na igreja local”; “Se amo ao meu próximo, ajudo-o financeiramente”. É como se o Deus que criou todas as coisas aderisse ao capitalismo! Chega a ser um modo blasfemo de pensar. Aqui está uma sintetização do que estou querendo dizer para que você faça uma auto-análise:


“Enquanto não vejo o ‘entregar o dinheiro’ como aquela alternativa que só vem depois de procurar com afinco outras soluções, não amo de verdade aquele que se aproximou pedindo ajuda”


Pense nessa afirmação. Imagine a cena: Um mendigo chega até você e diz, com muita sinceridade nos olhos, que quer dar um bom futuro para a sua família, que passa fome. Se você apenas enfia a mão no bolso e tira algo para dar para ele, seu amor é pequeno demais, e é possível que até seja inexistente. A ação "dar dinheiro" demonstra, na melhor das hipóteses, o seu desapego material, mas não demonstra necessariamente o seu amor. O amor é definido pela atitude quando esta atitude é a mais saudável para o necessitado. O amor requer pensamento, construção de raciocínios. Precisamos pensar, descobrir o que é melhor para o carente através da conversa, da observação, do convívio. Isto só se faz com quem se ama. Alguém que ama não apenas dá o peixe, mas ensina a pescar.


O dinheiro é uma solução rápida para tudo. Não exige esforço, se somos bem abastados nessa área. Se existe a dívida, eu pago. Se faltar a comida, eu compro. Se quebrar, compro outro. Quem não perdoa se o pedido de perdão vem junto com um cheque de quinze mil reais? Mas o problema é este: a facilidade.


Pagar a dívida de alguém é mais fácil do que fazer um vagabundo se interessar por um emprego e ser fiel nele todo dia. Isso ocorre porque é mais difícil implantar uma consciência do que mudar uma circunstância. Mudar uma circunstância é fácil quando se tem as armas físicas para isso. Mas mudar pessoas é impossível a não ser pelo poder da graça que flui através do amor de Deus dentro de cada um de nós. Apenas sendo instrumentos de Deus podemos ser usados para mudar as pessoas. E o que nos transforma em vasos de honra para o serviço cristão é o amor.


Vinícius Santos Albuquerque

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Por que os prisioneiros estão se regozijando? - John Piper


Imagine prisioneiros de guerra detidos em um acampamento cercado com arame farpado, pouca alimentação e condições de imundície quase ao fim da Segunda Guerra Mundial. Do lado de fora, aqueles que os capturaram estão livres e fazem os seus negócios como se não tivessem qualquer preocupação. No interior da cerca, os soldados capturados estão magros, com olhos fundos, sujos e não barbeados. Alguns morrem a cada dia.

Então, de alguma maneira, uma mensagem de rádio chega clandestinamente em uma das barracas. Há uma conexão com o mundo exterior e com o progresso da guerra. Um dia, aqueles que os capturaram vêem algo muito estranho. Do lado de dentro da cerca, os soldados fracos, sujos e não barbeados estão sorrindo, e uns poucos que ainda têm vigor dão gritos e lançam panelas de estanho ao ar.

O que torna isso bastante estranho para todos que se acham do lado de fora da cerca é que nada mudou. Esses soldados ainda estão em cativeiro; ainda têm pouca alimentação e água. E muitos ainda estão doentes e morrendo. Entretanto, o que aqueles que os prenderam não sabem é que esses soldados têm novas. As linhas inimigas foram rompidas. A batalha decisiva de libertação foi travada. E as tropas libertadoras estão a poucos quilômetros do acampamento. A liberdade é iminente.

Esta é a diferença causada pelas novas. Os crentes ouviram as novas de que Cristo veio ao mundo e travou a batalha decisiva, para vencer Satanás, a morte, o pecado e o inferno. A guerra acabará em breve; e já não há dúvida a respeito de quem será o vencedor. Cristo venceu e libertará todos os aqueles que puseram a sua esperança nEle.

As boas-novas não dizem que o inferno, a morte, o pecado e o sofrimento não existem. As boas-novas afirmam que o próprio Rei veio, e esses inimigos foram vencidos, e, se cremos no que Ele fez e promete, escaparemos da sentença de morte, veremos a glória de nosso Libertador e viveremos com Ele para sempre. Estas novas nos enchem de esperança e gozo (Rm 15.13), nos libertam da autopiedade e nos capacitam a amar aqueles que sofrem. Neste amor sustentado pela esperança Ele nos ajudará a perseverarmos até que soe a trombeta final de libertação.

John Piper

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Perfeição Plastificada

“O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.”

I Coríntios 13.8-13


Para quem não sabe, eu sou designer. Hoje eu estava baixando alguns arquivos para um serviço e acabei vendo uma foto de uma árvore de natal. Tudo nela é projetado, desenhado, carrega a noção de perfeição do homem, mas é de plástico. Ela é esteticamente perfeita, não murcha, pode passar por qualquer estação e continua com as folhas verdes, mas é de plástico. Ela é bonita, está sempre de pé, é constante a ponto de manter o mesmo tamanho, mesma envergadura, mas é de plástico. Esta imagem imprimiu dentro de mim esta verdade: Enquanto o homem tenta viver perfeitamente, o fim alcançado é a ausência de vida, assim como esta árvore.


Já assisti isto diversas vezes. Alguém começa a cortar todo o lazer da sua vida, porque, de repente, tudo se tornou pecado. Se não considera como pecado, começa a achar que está perdendo tempo com outras coisas, quando podia estar orando, lendo ou fazendo algo mais “edificante”. Esta pessoa se torna solitária, porque sair com os amigos e conversar sobre coisas que não são assuntos “divinos” se tornou perda de tempo. Assim essa pessoa está perdendo a melhor parte, a única parte que realmente importa para Jesus: O amor.


Conheço pessoas que, tentando amar o próximo, se afastaram dele. Aí o próximo já não é mais próximo, é distante. Torna-se impossível amá-lo, pelo menos biblicamente, já que o caminho escolhido por estes é, na verdade, parar de caminhar. As questões letradas são a única atenção destes. O próximo destes é o livro, a internet e até a Bíblia, ainda que numa visão segmentada.


Estes lêem a Bíblia com a pergunta “O que Deus quer me falar hoje?”, quando a pergunta deveria ser “O que Deus quer que eu faça hoje?”. Essa pergunta muda tudo. Porque se o dilema é o que fazer, e se a intenção é converter todo o Evangelho em atitudes, o caminho que seguimos é o da diminuição dos estudos para se passar mais tempo com gente; da troca de folhas por carne e osso; da troca de pessoas mortas (autores de livros) por pessoas vivas.


É disso que Paulo fala em I Coríntios 13. Ele começa a falar sobre os dons no capítulo 12: “Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes”. Paulo deu a devida importância ao conhecimento espiritual, ao discernimento, ao entendimento daquilo que é sobrenatural. O apóstolo expõe o conhecimento que ele desejava que os coríntios tivessem, mas em seguida diz “Eu vos mostrarei um caminho mais excelente”. Existe algo muito mais excelente do que conhecer e buscar os dons: O amor.


Depois de explicar a natureza dos dons, Paulo diz que os dons serão aniquilados e a cessarão, e até o conhecimento desaparecerá, mas o amor nunca falhará. Fica evidente em suas palavras que, por mais que você conheça muito, você só conhecerá em parte. Por mais que você busque os melhores dons, você só profetizará em parte. Entretanto, tudo isso será aniquilado na vinda do Filho do Homem, aquele que é perfeito em todos os seus caminhos.


Enquanto somos meninos, falamos, sentimos e discorremos como meninos. Quando chegamos à maturidade, acabamos com as coisas de menino. Assim também será quando Cristo voltar. Enxergaremos que tudo o que falamos, sentimos e discorremos era uma meninice infinita, porque Ele terá completado a Sua obra em nós. Quantos arminianos e calvinistas ficarão cobertos de vergonha e vexame por terem defendido suas doutrinas com uma queda-de-braço sem fim! Chegarão diante do trono da graça e verão que não enxergaram nem a metade da verdade! A noção de burrice será geral! Olharemos para trás e diremos “Que idiotice a minha! Pensei que o entendimento vinha até aqui, mas vai muito além disso!”. Talvez eu esteja entre os maiores burros do universo naquele dia!


Então, antes de isso acontecer, permanecem a fé, a esperança e o amor. Mas o maior destes é o amor! A fé existe e permanece, assim como a esperança, e todas elas dependem de conhecimento. Mas o amor não depende de teologia humana, que tenta sistematizar o comportamento divino estudando um ser infinito, ainda que a mente humana seja finita.


Muitas vezes haverá erros em seu conhecimento e em sua profecia, porque você não é perfeito, mas o amor mantém a sua perfeição, porque ele nunca falha. O amor não é particionado como o conhecimento e a profecia. O amor é pleno, completo, inteiro, de modo que a única maneira de ser perfeito é através dele. Se busco a perfeição pelo conhecimento, conheço em parte e a perfeição, que é absoluta, não será alcançada. Se busco a perfeição pelos dons, profetizo em parte e a perfeição não será alcançada. Se busco a perfeição pelo amor, encontro o caminho.


O amor permite crescimentos, envergaduras, transformações na composição por causa de circunstâncias naturais, mantendo o ramo enxertado na videira. O amor é o que abre espaço e enxerga que a vida deve ser nada mais que uma constância inconstante. No amor há liberdade para fome, sede, choro, riso e tudo mais. Nele há liberdade para a queda de folhas no outono e nascimento de flores na primavera. O amor percebe que há um tempo para todas as coisas e não uma coisa para todos os tempos. O amor tem liberdade para dizer: “Estou atribulado, mas não angustiado; Perplexo, mas não desanimado; Perseguido, mas não desamparado; Abatido, mas não destruído” (II Coríntios 4.8-9). A liberdade do amor é a única coisa que pode nos fazer perfeitos como o nosso Pai celeste.


Vinícius Santos Albuquerque

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Nascido do Espírito

“O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito”
João 3.8

Há dois anos se manifestou em mim um amor diferente pela Palavra de Deus. O “sola Scriptura” havia se tornado uma realidade tão intensa que eu não aceitava nada contraposto à Palavra. Eu tinha um amor muito grande pela Bíblia, que foi gerado no começo da minha caminhada com Cristo, mas não era nada parecido com este novo amor que estava surgindo. Este novo amor era como um casamento, onde eu não poderia “adulterar” com outros livros, pensamentos e textos que fossem contra ao que ela dizia. Era fidelidade total. Não que antes eu aceitasse o que estava em desacordo com as Escrituras, mas eu não me dava ao trabalho de procurar saber se era como haviam me ensinado, como um bom bereano.

Esse amor foi gerado em mim na forma deste versículo: Ouvi esta voz, não soube de onde vinha nem para onde ia. Logo vi que isso estava acontecendo com outros jovens da comunidade em que congrego. Não foi um movimento encabeçado por algum líder. Foi uma vontade comum gerada em todos. Nós simplesmente começamos a seguir este caminho, sem nenhum direcionamento pastoral, sem alguém que nos ordenasse isso. Assim pude entender este versículo com profundidade.

Há coisas em nossa vida que são feitas completamente por instinto. Você não pensa quando o seu braço coça. Você apenas coça. Alguns não se lembram nem de ter se coçado. Se a coceira for muito forte, não conseguimos nem resistir. Isso acontece no nível da vontade. Tudo o que se tornou hábito, que se faz sem pensar, tem sua fonte na vontade. Só podemos fazer algo contra a vontade quando há pensamentos, racionalização, argumentação.

Este versículo é bem explícito nisso: O vento assopra ONDE QUER. Está relacionado à vontade. O que é nascido do Espírito, o que é gerado pelo Espírito, tem, necessariamente, que ser gerado na vontade. Ele pode começar a ser gerado na mente, mas tem que, obrigatoriamente, ser gerado na vontade também. Também não é obrigatório que seja gerado na mente, mas é obrigatório que seja gerado na vontade. Assim é o que nasce do Espírito.

Este movimento de amor pela Bíblia estava nascendo do Espírito, por isso não sabíamos de onde vinha esta vontade mútua. Não participava da teoria de causa e efeito, pelo menos não participava visivelmente. Não tinha causa física visível para isso. Este é o trabalho de todo líder eclesiástico: Discernir o lugar para onde o sopro de Deus está levando a Sua Noiva e se unir, levando junto os que ainda não perceberam este caminho.

Como falta ensino sobre a regeneração em nossas igrejas! A regeneração é a resposta de Deus contra o farisaísmo. Nascendo de novo eu posso ser justo e verdadeiro ao mesmo tempo. Antes da regeneração não. Era tudo forçado. Era trabalhoso. Agora é alívio, é descanso. “Fé salvadora é o arremesso de uma alma desesperada nos braços de um salvador todo poderoso” (Al Martin). A alma pode descansar porque o Salvador é Todo-Poderoso.

Se não há desejo natural pelas coisas de Deus, você não nasceu de novo. Isso pode ser aplicado à outras áreas também. Quando você sentir um direcionamento mútuo numa direção plenamente bíblica, lembre-se: Assim é aquele, ou aquilo, que é nascido de Deus!

Vinícius Santos Albuquerque

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Decepando os Escândalos

“E João lhe respondeu, dizendo: Mestre, vimos um que em teu nome expulsava demônios, o qual não nos segue; e nós lho proibimos, porque não nos segue. Jesus, porém, disse: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e possa logo falar mal de mim. Porque quem não é contra nós, é por nós. Porquanto, qualquer que vos der a beber um copo de água em meu nome, porque sois discípulos de Cristo, em verdade vos digo que não perderá o seu galardão. E qualquer que escandalizar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma mó de atafona, e que fosse lançado no mar. E, se a tua mão te escandalizar, corta-a; melhor é para ti entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga, Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga. E, se o teu pé te escandalizar, corta-o; melhor é para ti entrares coxo na vida do que, tendo dois pés, seres lançado no inferno, no fogo que nunca se apaga, Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga. E, se o teu olho te escandalizar, lança-o fora; melhor é para ti entrares no reino de Deus com um só olho do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno, Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga. Porque cada um será salgado com fogo, e cada sacrifício será salgado com sal. Bom é o sal; mas, se o sal se tornar insípido, com que o temperareis? Tende sal em vós mesmos, e paz uns com os outros.”

Marcos 9.38-50

É interessante a forma que o mundo tomou na pós-modernidade. As informações são picadas, temperadas, misturadas com algo que dê corpo e liberadas nesse grande “fast-food” tecnológico. Não é nada nutritivo, mas é comida rápida. O “fast-food” é caracterizado pela rapidez, preço baixo e ausência de nutrientes. Tem poucos nutrientes porque é “fast” muito mais do que “food”. É a comida feita às pressas, apenas para encher a barriga. Não se pensa em nutrição, mas em alívio imediato. Em longo prazo esse tipo de alimento destrói o organismo. Mas em curto prazo mata a fome, sacia o estômago, não do que ele precisa, mas do que é mais fácil, mais acessível. Eu acabei de descrever a todos os que ficaram com preguiça de ler o texto bíblico inteiro.


É exatamente essa pressa que destruiu a alimentação e tirou do contexto o versículo que está no meio desse trecho da Palavra de Deus: “Se o teu olho te escandalizar, lança-o fora”. Este versículo é pregado fora de contexto pelo Brasil inteiro. Nessa de “pegar apenas o essencial” a gente acaba perdendo verdades profundas. Não sou muito bom com mensagens expositivas, mas aí vai:


1 – Os discípulos repreenderam alguém por expulsar demônios em nome de Jesus;


2 – Jesus disse que fizeram errado, porque ninguém pode fazer um milagre por meio de Jesus e depois falar mal de Jesus; Quem não é contra os cristãos é pelos cristãos;


3 – Jesus mostra que, ao contrário do que eles pensam, deveriam tratar bem dessas pessoas, por causa do nome de Jesus. Qualquer feito realizado em nome de Jesus (até o ato simples de oferecer um copo d’água) para quem é discípulo de Jesus se torna digno de receber galardão. Jesus estava dizendo: “Se vocês tivessem dado um copo d’água a ele em meu nome, por ser meu discípulo, vocês teriam galardão. Mas isso que vocês fizeram torna vocês merecedores de castigo”;


4 – Os discípulos escandalizaram o que exorcizava em nome de Jesus. Eles não deviam ter feito isso com alguém, definido por Cristo como “pequenino”. Quem faz isso deve sentir vontade de se matar, por tanta vergonha;


5 – Jesus continua o raciocínio mostrando que tudo o que me escandaliza deve ser decepado e arrancado, sabendo agora que “escandalizar” é impedir os “pequeninos” que crêem em Jesus de trabalhar para Deus. É melhor arrancar a minha língua antes de repreender algum “pequenino” que crê em Jesus, para que eu entre mudo na vida e não entre “falante” no inferno;


6 – Cada um será salgado com fogo e o sacrifício será salgado com sal. Isso quer dizer que o que dá as qualidades de “sal da terra” ao homem é o fogo e o que dá as qualidades de sacrifício aceitável a Deus ao sacrifício é o sal. O homem é salgado pelo fogo. O sacrifício, o “sacro ofício”, a obra de Deus que é realizada em nome de Jesus é salgada pelo sal que o fogo colocou no homem;


7 – O sal é bom quando tem sabor. Quando não tem, não tem razão de existir. Esta é a crítica de Jesus aos discípulos. Eles pensaram que salgaram o sacrifício de alguém. Pensaram que a repreensão deles foi sal na vida daquele “pequenino” que cria em Jesus. Jesus diz que este sal da repreensão deles foi um sal sem sabor, inútil. Jesus estava dizendo: “Repreendam quando a repreensão proceder. Fiquem quietos quando o sacrifício já estiver salgado”;


8 – Jesus encerra dizendo: “Tende sal em vós mesmos, e paz uns com os outros”. Traduzindo: “Ao invés de ficar se preocupando em repreender outros, repreenda você mesmo! Tenha sal em você mesmo! E quanto aos outros, viva em paz. Não busque discussões desnecessárias”.


Acho que tudo o que tinha para ser dito está nos versos. Não coloque um “copyright” na obra de Deus, dizendo “Ele não nos segue, não é da nossa denominação, portanto não pode fazer isso”. Deixe a vida seguir seu curso, entendendo que se é verdadeiramente a obra de Deus que está sendo realizada, não existem denominações, línguas, cultura, raça ou cor. Todos são de Cristo. Viu um “pequenino”? Dê-lhe um copo de água fresca!


Vinícius Santos Albuquerque

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A Ignorância do Obedecer

“Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita;”

Mateus 6.3


Hoje acordei com a percepção extrema de que tudo se faz por reconhecimento. TUDO. Todos os nossos relacionamentos giram em torno do reconhecimento. Esta é a causa principal de todas as desavenças familiares. A mulher briga com o marido porque ele não reconhece o “duro” que ela dá em casa e ainda a chama de preguiçosa. O marido briga com a esposa porque ela não percebe que ele suou demais a camisa no trabalho para ela gastar 300 R$ em uma bolsa ou querer conversar com ele sobre as coisas de casa. Será que ela não percebe? Ele ouviu clientes reclamando na cabeça dele o dia inteiro! Os filhos gritam por atenção a cada nota alta na escola, cada castelo de areia construído, cada quebra-cabeça montado, cada fase de vídeo-game que se vence. Sem serem notados, eles escolhem o caminho da rebeldia, que chama muito mais atenção!


Assim também é nos empregos. Será que o chefe não reconhece que você merece um aumento? Será que ele não enxerga que você fica até depois do horário? Na escola as crianças fazem brincadeiras orgulhosas, onde umas denigrem as outras. Tudo para que fique claro quem manda no “pedaço”. E assim a vida segue, mostrando que toda comida caprichada é para ser apreciada; todo desenho bem feito é para ser visto; todo texto bem escrito é para ser lido. Até eu quero que o meu blog seja visto! Talvez não por razões egocêntricas, mas razões cristãs. Mas ainda assim o exibicionismo é pleno. Todo ser vivo se exibe por motivos diversos. Até os animais se exibem para proteger os seus, colocando medo, ou para acasalar. Vemos então que o que se deve analisar é a motivação, a razão pela qual se exibe, pois Cristo disse que a luz não pode ficar debaixo do alqueire.


Como ir por todo mundo, pregando à toda criatura, e fazer a minha luz brilhar diante dos homens sem que isso se torne pecaminoso, mau-visto, aos olhos de Deus? A resposta está neste versículo: “Não saiba a tua esquerda o que faz a tua direita”. Jesus inicia esta parte do sermão dizendo que não devemos fazer as coisas para sermos vistos, com o simples propósito de ser aplaudido, ovacionado. Esta prática é condenada, mas há outra prática a ser inserida no lugar: Não saiba a esquerda o que faz a direita. Isso é muito mais do que apenas não revelar aos outros o bem que fazemos. Não é uma hipérbole de Cristo, para mostrar o nível em que temos que esconder os atos de justiça. Aliás, Ele não quer que os atos de justiça sejam escondidos.


O que Jesus está dizendo é que o próprio ser que pratica o bem não SABE o bem que faz. As duas mãos são de uma pessoa só. Só assim obedeceremos a Cristo sem farisaísmo. O que mais me impressiona na parábola do Bom Samaritano é que ele não tinha obrigação de fazer o bem, mas fez. Ele não tinha nem noção do bem que fazia. É aquela bondade que brota do coração que pensa “qualquer um faria isso, mas já que eu cheguei primeiro... Vamos lá”. Este é o único caminho para a bondade que não gera orgulho. A justiça que não gera orgulho é a que nasce do coração que não sabe o bem que faz.


É a justiça que fala das coisas do Alto em uma conversa, sem saber que as palavras simples que saem da sua boca se esparramam no coração de quem ouve como um rio de água viva. É a bondade que diz “A Paz do Senhor”, algo que ela faz sempre e por isso não tem nada de espetacular, com tanta ternura que enche a alma de quem a recebe de forma inexplicável. É aquela pessoa que sente vontade de dar um abraço na mãe ao acordar e fica muito agradecido por ter essa liberdade, sem saber o bem que fez à mãe, que tinha acabado de ser rejeitada com palavras pelo esposo. Esta é a obediência cega, burra e ignorante às ordens de Cristo, que só vai saber, conhecer e aprender no dia da segunda vinda, onde perguntará incessantemente: Quando Te dei de beber? Quando Te vesti e Te alimentei? Quando Você esteve preso e eu fui te visitar? E cristo dirá: Toda vez que fizeste a um destes pequeninos, fizeste a mim! Entra no teu descanso.


Vinícius Santos Albuquerque

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Oh Profundidade das Riquezas!

“O profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!”

Romanos 11.33


Há alguns dias me perguntei por que Jesus não fez nenhum aconselhamento conjugal. Aliás, isso é muito raro no novo testamento. O que os apóstolos fazem é estender a lei do amor para dentro de casa, mas não se dão exemplos práticos. Mas com Jesus o caso é evidente demais. Ele não toca no assunto. Não diz como uma família deve se comportar. Ele trata sempre do indivíduo e sua noção de coletividade, de sociedade, de comunhão; sua noção de “até onde eu incomodo os outros”. A área de mudança sempre era o coração, o interior, a alma, e a necessidade de mudança era sempre o exterior, sendo este exterior um ser humano ou Deus. Então o ensino de Jesus se resume a “Mude dentro de você para o bem de quem não é você, para o bem das pessoas ao seu redor e para o bem do seu relacionamento com Deus”.


Tudo isso me fez gerar uma pergunta: Por quê? Por que hoje temos tantas zonas para mudar e Jesus só nos deu uma? Por que gastamos tanto tempo pregando sobre os atos pecaminosos quando Cristo pregou sobre sentimentos pecaminosos? Por quê? A resposta está neste versículo. Oh profundidade das riquezas!


Os capítulos nove, dez e onze do livro de Romanos falam de forma bem explícita sobre a eleição e a predestinação. Fala daqueles que foram escolhidos por Deus para a salvação antes da fundação do mundo e da soberania de Deus ao preordenar cada ato, inclusive os pecaminosos, para o bem dos que serão salvos. Paulo vai construindo um raciocínio muito difícil de ser acompanhado, e mais difícil ainda de ser aceito. Vai completamente contra a lógica humana. Paulo percebe o fim do seu raciocínio e vê que não consegue ir mais longe, então exclama “Oh profundidade das riquezas!!!”


Paulo estava declarando que a profundidade a ser alcançada para se ter o entendimento da soberania de Deus era profunda demais para ele. Ele estava dizendo que Deus faz tudo o que faz porque sabe o que está fazendo, mas esta razão é profunda e distante demais para compreendermos. Paulo estava dizendo que o entendimento de Deus sobre a relação de causa e efeito é infinitamente superior. Não se pode medir. Ele sabe que o que será produzido nos cristãos quando estes são salvos desta forma será algo muito melhor do que se não fosse desta forma. Este é o mesmo motivo para Jesus pregar da forma que pregou.


Jesus, ao falar apenas do coração, matou a charada de séculos de existência humana: Como não pecar? Esta pergunta foi respondida com exemplos: “Não odeie, assim você não irá matar. Não cobice, assim você não irá adulterar”. Jesus estava dizendo que as coisas não começam onde achávamos que começavam. Elas começam no interior do coração. Nas profundezas. Ao enxergar este ensino profundo, eu digo: Oh profundidade das riquezas, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Ele nos revelou em Cristo a raiz do problema.


Preste atenção: A sua guerra não é contra o adultério, contra a mentira, contra o trabalho excessivo ou contra o homicídio. A sua guerra é contra a cobiça, o desejo de se esconder, gerado no pecado de Adão, contra a ganância e contra o ódio. Está tudo no seu coração. O Evangelho é a constatação de que o meu maior problema está dentro de mim e a única solução está fora de mim. Só após essa compreensão podemos alcançar a regeneração. A regeneração e a resposta à oração de Agostinho, que disse: “Concede-me o que ordenas, ordena-me o que queres”. Na regeneração somos capacitados por Deus para viver em santidade, e esta vem do amor. Eu poderia dizer que regeneração é a restauração da capacidade de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Vinícius Santos Albuquerque

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Caminho das Pedras - Olhos que Guiam


"Os olhos mais simples não fazem mais do que detectar se as zonas ao seu redor estão iluminadas ou escuras. Os mais complexos servem para proporcionar o sentido da visão."

Wikipedia


Deus falou muito comigo através disso... Ficam aqui registradas duas lições: A que Deus te falar através destes versos e a lição de que, quando se é filho de Deus, a qualquer momento Ele pode falar com você.

Essa seção tem a intenção de lhe dar versículos para que você medite e chegue à sua própria conclusão. Que Deus te ilumine através dessas "pedras" para que você faça uma construção sólida na Palavra.

De Si para Si Mesmo - Yago Martins


Por Yago Martins. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com
Edição: voltemosaoevangelho.com
Permissões:
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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O Que é o Evangelho?

Tradução: iprodigo.com

Visite o IPródigo. Conteúdo muito bom para todo o ser que precisa de Deus. Se você precisa, acesse. Se você não precisa, na verdade precisa de um psicólogo.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Despedaça, Esmaga ou Salva

“Diz-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra, que os edificadores rejeitaram, Essa foi posta por cabeça do ângulo; Pelo Senhor foi feito isto, E é maravilhoso aos nossos olhos? Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos. E, quem cair sobre esta pedra, despedaçar-se-á; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó.”

Mateus 21.42-44


Houve uma Pedra, estabelecida desde a eternidade. Esta Pedra foi testemunhada por Pedro, que disse: “Tu és o Cristo, Filho do Deus vivo”. Nesta afirmação petrificada, Cristo edificou a Igreja. Nela está expressa a plenitude da divindade. Esta Pedra nos trouxe traduções muito mais preciosas do que as traduções que vieram na Pedra de Roseta. Esta Pedra era o Verbo, a Palavra encarnada. Ele foi, enquanto esteve na terra, a Palavra ambulante. Cada aspecto mínimo das Escrituras pode ser percebido na sua jornada terrestre. Ela traduziu as letras das Escrituras em vida, atitude. Ela mostrou que o “não matarás” deveria ser cumprido com o coração, na ausência do ódio. Ela decifrou o “não adulterarás” como “não olharás com cobiça”. Nesta Pedra, tudo o que é superficial se torna profundo.


Esta Pedra foi irrepreensível em sua jornada terrestre. Poderíamos compará-la às tábuas de pedra onde foram cravados os 10 mandamentos. Esta Pedra pura, santa, era a Lei vivificada pelo Espírito. Sendo a representação da Lei, esta Pedra expôs toda a depravação do homem. Não houve, nem haverá, homem capaz de se aproximar desta Pedra sem se sentir imundo. Esta Pedra foi, então, rejeitada. Rejeitada pelos homens, mas engrandecida pelo Pai. O Pai colocou a Pedra como a que é angular, a principal, a de esquina. Os que a rejeitaram, a perderam. Nós fomos alcançados por Ela. Aqui há a maior revelação que esta Pedra pode nos dar: Ela pode despedaçar, esmagar ou salvar.


Se esta Pedra é a Lei viva, quem cair sobre ela será despedaçado. Todos caem e tropeçam nesta Lei. Todos estão destituídos da glória de Deus. Não há nenhum justo, ninguém capaz de ficar de pé sobre esta Lei. Aqueles sobre quem esta Lei cai, são esmagados. O peso de se tentar cumprir a Lei é tão grande que esmaga a todo aquele que tenta cumpri-la por seu próprio mérito. Todos os legalistas são reduzidos a pó quando tentam carregar este fardo. Mas há uma única esperança:


“Como está escrito: Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço, e uma rocha de escândalo; E todo aquele que crer nela não será confundido.”

Romanos 9.33


Todo o que crer nesta Pedra não será confundido. Pela graça somos salvos do esquartejamento e do esmagamento desta Pedra. Esta graça é alcançada por meio da fé, um dom de Deus. Esta fé me leva pelo caminho de Abel, Noé, Abraão, Isaque, Jacó e tantos outros. Me leva pelo caminho de Paulo. Me leva pelo Caminho. Este Caminho é, também, a Verdade e a Vida. Aquele que iria me destruir advogou uma causa em que Ele mesmo era o Juiz e a Lei. Desta “disputa” dEle contra Ele mesmo, Ele venceu. Da disputa entre a sua Justiça e a sua Misericórdia, a Misericórdia venceu, respaldada pelo Sangue. Agora eu sou justo, salvo. Não serei esquartejado nem esmagado. Glória, pois, a Ele eternamente!

sábado, 6 de novembro de 2010

O Tapeceiro - Stênio Marcius




Tapeceiro, grande artista,
Vai fazendo seu trabalho
Incansável, paciente no seu tear

Tapeceiro, não se engana
Sabe o fim desde o começo,
Traça voltas, mil desvios sem perder o fio

Minha vida é obra de tapeçaria,
É tecida de cores alegres e vivas,
Que fazem contraste no meio das cores
Nubladas e tristes
Se você olha do avesso,
Nem imagina o desfecho
No fim das contas, tudo se explica,
Tudo se encaixa, tudo coopera pro meu bem

Quando se vê pelo lado certo,
Muda-se logo a expressão do rosto,
Obra de arte para Honra e Glória do Tapeceiro

Minha vida é obra de tapeçaria,
É tecida de cores alegres e vivas,
Que fazem contraste no meio das cores
Nubladas e tristes
Se você olha do avesso,
Nem imagina o desfecho
No fim das contas, tudo se explica,
Tudo se encaixa, tudo coopera pro meu bem

Quando se vê pelo lado certo,
Todas as cores da minha vida
Dignificam a Jesus Cristo, o Tapeceiro

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Short Text - Sola Scriptura

“Eu, portanto, decidi dar atenção às Escrituras e ver o que elas continham. Eis o que encontrei: algo nem aberto ao soberbo nem imperscrutável às crianças; um texto básico para o iniciante, mas, ao mesmo tempo, de dificuldades montanhosas e envolvido em mistério para aquele que resolve estudá-lo.”

Agostinho, Confissões

A Tentação de Ser quem Não Sou


“E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome; E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”

Mateus 4.2-4


Numa terça-feira um jovem veio até mim, pedindo ajuda. Eu via angústia em seus olhos. Ele me disse: Preciso de uma oração. Era algo bem comum, já que eu estava vestindo um colete vermelho que tinha escrito nas costas “Ministério de Intercessão”. Aquele colete fez com que ele olhasse para mim de baixo para cima, como alguém que está num poço e pede ajuda a outro que está num nível muito, muito mais elevado. Como alguém que diz “você pode me ajudar”, ele realmente cria que havia algo na minha oração que a diferenciasse da oração de toda a igreja. Perguntei pelo quê ele queria que eu orasse. Ele olhou para mim como se eu estivesse fazendo uma pergunta inútil, já que, no seu modo de pensar, Deus já me havia revelado. Mas mesmo assim, respondeu: “Eu sou muito impuro. Eu oro, peço a Deus para tirar o pecado de mim, para Ele me encher, mas nada acontece. Eu uso o tempo disponível para jogar vídeo-game ao invés de orar. Eu sei que, se continuar assim, eu irei desviar. Será que Deus não tem misericórdia de mim? Será que Ele vai ficar virando as costas para mim desse jeito?”


Lembro-me que o primeiro aconselhamento pastoral em que fui, com o pastor Pedro, teve as mesmas questões da minha parte. Este gabinete começou a abrir meus olhos para o que está escrito aqui. Foi muito edificante para mim, que vinha de uma igreja legalista e farisaica. E esta culpa acontece praticamente em todos os que freqüentam igrejas legalistas e farisaicas, que colocam a vida espiritual como algo à parte da vida física. E, quando estas pessoas que ouvem mensagens legalistas se deparam com este texto da tentação de Cristo, sobra uma única alternativa: Jejuar quarenta dias. Isto acontece porque o legalista se apega aos ritos e esquece o relacionamento. Assim nasce a religiosidade. A religiosidade tem o seu início em um homem com a consciência pesada que, por falta de entendimento, começa a preferir as obras a fé. A consciência dele é rasa, só o acusa pelo que ele faz exteriormente, mas nunca o acusa pelo que ele pensa ou sente. Jesus, pretendendo acabar com a religiosidade em Israel, pregou a mensagem da profundidade. Ele dizia: “Enquanto você se preocupa em coar mosquitos, você engole camelos! Enquanto você se preocupa em guardar o sábado, o seu coração não consegue descansar! Enquanto você se preocupa em não matar, o ódio já transbordou no seu coração! Enquanto você se preocupa em não adulterar, a cobiça e a lascívia te habitam! Hipócritas! Arranquem o ódio do coração e vocês verão que não irão matar ninguém! Descanse em Deus no seu coração e o sábado será apenas mais um dia, entre sete, de descanso! Arranquem a lascívia de dentro de vocês e o ‘não adulterarás’ será apenas uma conseqüência!”


Enxergando esta mensagem, posterior à tentação, pregada por Cristo, fica impossível crer que Ele se apegou ao jejum para vencer a tentação. Jesus assumiu: Sou homem que não come há quarenta dias e tenho fome. Ele não disse ao diabo que não tinha fome. Aliás, deveria ter muita fome, porque quarenta dias sem comer não é brincadeira. Vejo pessoas “determinando”: “Esta vontade dentro de mim é mentira! Eu nasci de novo! Eu sou nova criatura! As coisas velhas já passaram!” Enquanto isso a vontade vai assumindo proporções megalomaníacas até que a cobiça chegue a um ponto insuportável. Isto porque a pessoa tenta vencer a estas vontades da carne com declarações e determinações completamente independentes de Deus. A santidade vem com o relacionamento com Deus, é fruto de uma vida devocional.


Sem saber disto, pessoas religiosas se tornam um prato cheio para satanás. Ele diz: “Se você fosse filho de Deus mesmo, estas pedras tinham se transformado em algo que saciasse a sua vontade. Se você fosse filho de Deus, nem fome você sentiria. Se você fosse filho de Deus, você não assistiria TV nem jogaria vídeo-game”. Isto pega o religioso de jeito. Ele não sabe o que é. O jejum de Jesus não lhe tirou a fome. Pelo contrário, o deixou faminto. Entretanto, o jejum aperfeiçoou a força de vontade de Jesus (o Jesus 100% homem), para que o versículo “Nem só de pão viverá o homem” se tornasse uma só carne consigo mesmo. Este jejum encarnou verdades bíblicas em Cristo para que João pudesse dizer “O verbo se fez carne e habitou entre nós”. Jesus estava dizendo para o diabo: “Estou com fome sim, porém o fato de ter minhas necessidades atendidas através do uso do poder divino é justamente o que me torna um bastardo, alguém que não tem pai”. Ser Filho de Deus é considerar a Palavra de Deus mais forte que as minhas necessidades. Digo mais: Ser filho de Deus é considerar a Palavra de Deus como supridora das minhas necessidades. Se tenho fome, ela é o meu pão. Se tenho sede, ela é a minha água, que transborda em rios de água viva dentro de mim quando creio nela.


Muitos são atacados desta forma. Se questionam sobre a sua salvação por não conseguirem se libertar de algumas coisas. Crêem que não são filhos de Deus por causa da incapacidade de serem santos. Mas a certeza de que você é salvo vem justamente do fato de você estar lutando contra estas coisas. Precisamos entender que ser filho de Deus não é estar ausentado de necessidades (físicas, emocionais, sexuais, financeiras, mentais ou espirituais). Ser filho de Deus é ter encontrado a fonte que supre todas as necessidades, sem deixar de perceber cada necessidade, distinguindo-as entre elas mesmas. Precisamos percebê-las e assumi-las para que possamos supri-las. Se sei que tenho sede, tomo água. Se sei que tenho fome, como algo. Ele é a água, da qual quem beber jamais terá sede. Ele é o pão, do qual quem comer jamais terá fome. Ele é.


É por isso que, quando Moisés apresenta as suas necessidades e dificuldades com eloqüência, Deus se apresenta como “Eu Sou”. “Eu sou a sua eloqüência; Eu sou a sua santidade; Eu sou o amor dentro de você e sem Mim nada podeis fazer”. À medida que Ele seja dentro de nós, nós seremos fora de nós. À medida que Ele seja santo dentro de nós, nós seremos santos fora de nós. Apresente as suas necessidades a Ele em oração, e Ele irá limpar você. Nem sempre será automático, mas eu te garanto que ela será suprida.


Quanto ao rapaz que pediu oração, não orei por ele. Disse-lhe que não precisava de oração, mas de uma conversa. Disse a ele que as orações dele estavam sendo ouvidas, mas que tudo com Deus é um processo. Se Deus quer relacionamento, com certeza criará situações que lhe obriguem a estar diariamente diante dEle. Este é o Deus de Abraão, de Isaque e Jacó. Este é o Deus de Abraão, que o mantém em um processo de espera por mais de vinte anos para que a promessa se cumprisse, a fim de que a espera Os aproximasse. Este é o Deus de Abraão, que diz “Anda na minha presença e sê perfeito”, como quem diz que a única forma de ser perfeito é esta. Este é o Deus de Isaque, que é abençoado com uma esposa por ir meditar no campo apenas para ser íntimo de Deus, sem nenhuma pretensão no coração. Este é o Deus de Jacó, que transforma o medo de Jacó de ser alcançado por Esaú numa forma de conduzi-lo soberanamente à casa de Labão, onde foi profundamente abençoado; É o Deus que usou a fraqueza de Jacó para cumprir o Seu plano Eterno de gerar uma nação para Si mesmo, uma nação que se relaciona com Ele. Este é o Deus verdadeiro e a vida eterna (Jo 17.3).

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A Palavra de Jesus


“E, chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e ele com a sua palavra expulsou deles os espíritos, e curou todos os que estavam enfermos”

Mateus 8.16


Quando me converti verdadeiramente tive um período de profunda transformação na minha natureza. A regeneração tinha se tornado uma realidade tão forte para mim que eu simplesmente não conseguia entender o modo de viver de alguns que se diziam cristãos. Eu tinha apenas nove anos, mas houve uma conversão verdadeira em mim. Meu prazer pelas coisas do mundo tinha desaparecido. Meditar na Bíblia tinha se tornado infinitamente mais prazeroso do que jogar vídeo-game. Eu finalmente ia à igreja sem que a minha mãe precisasse de um discurso quase que comunista para que eu fosse. Eu ouvia a mensagem e as palavras me penetravam o coração. Deus tinha se tornado real para mim. É por isso que posso afirmar categoricamente: Enquanto não somos regenerados, Deus é apenas um conto de fadas para nós.


Como eu era jovem ainda, tive alguns privilégios. Chegava da escola, ajudava a minha mãe no que precisasse, tomava um banho e me trancava no quarto. Que momentos preciosos! Ali eu conheci a Deus. Li a Bíblia inteira em meses, já que eu tinha muito tempo disponível. Aquele pão vivo descia suavemente ao meu espírito, me nutrindo intensamente.


Não demorou muito para alguém dizer para mim: “Isto é só o começo... Logo passa esta empolgação”. Começaram a aparecer os mestres da lei, dizendo “Faça assim, faça assado”. E eu, pela minha inocência, fui aderindo a tudo aquilo, crendo que eles eram mais entendidos e sabiam o que era melhor para mim. Seis anos depois se tornou impossível permanecer na igreja. O fardo que tinham atado em mim era grande demais. Eu carregava a minha família inteira nas costas. Me diziam: “Você precisa ser bom filho, bom irmão. Você precisa orar duas oras por dia. Você precisa ler 40 capítulos da Bíblia por dia. Você precisa buscar unção até que as pessoas caiam pelo poder da sua oração. Você precisa buscar unção para que as pessoas chorem quando você orar”.


Peguei nojo da palavra “você”. Por que tudo eu? Será que Deus não entende que eu sou falho e não consigo andar neste ritmo? Será que Ele não sabe que eu quase anulei a minha personalidade obedecendo às Suas ordens para que Ele sempre fique insatisfeito? O meu erro foi atribuir palavras de homens a Deus. As palavras dos homens nos engodam. As palavras de homens nos aprisionam. Palavra de homem carrega a natureza humana, depravada. E hoje, ao ler este trecho de Mateus, vi algo simples que demorei demais para aprender sozinho, que me teria evitado muito sofrimento.


O que Deus renovou em meu entendimento através deste versículo é que é o próprio Deus que santifica o homem. O homem não tem poder para se santificar. É por isso que decidi abandonar a teologia teórica para falar da teologia prática. Ao invés de dizer: “O homem não-regenerado não pode se santificar” prefiro dizer: “Eu – Deus = Um monte de pecado. Eu + Deus = Santidade”. Ao invés de dizer “Deus é soberano e é Ele que elegeu os que iam ser salvos antes da fundação do mundo” eu prefiro dizer “Na lama em que eu me encontrava era impossível que eu me salvasse. Graças a Deus pela sua infinita misericórdia em me enviar a Cristo!” Esta é a diferença entre a palavra do homem e a Palavra de Cristo. A palavra do homem não pode ser vivida, experimentada, e não tem resultados benéficos. A Palavra de Cristo cura, expele demônios. Basta estar em contato com esta Palavra para ter o alívio das cargas. Este poder vem de uma graça que diz: “Todo bem que Eu quero em você, Eu mesmo produzirei”. Quando esta palavra entra no coração, a nossa mente é levada cativa à obediência de Cristo. Quando esta Palavra entra no meu ser e passa pelas minhas percepções de mundo, vejo que não há outro caminho que não seja santificação. Mas antes desta Palavra há muitos caminhos. Depois dela, tudo se torna mentiroso, pois ela se revela como a verdade absoluta.


É por isso que, crendo que esta Palavra é um laxante que expurga de mim toda malignidade e depravação, eu continuarei me fartando nos seus banquetes a cada manhã. A lei do Senhor sacia a nossa alma, alimenta o nosso espírito, aquieta o nosso coração. Assim como a voz de Cristo acalmou os ventos e o mar, a Sua voz acalma o meu coração. Isto acontece porque nós, como ovelhas, reconhecemos a sua voz. Quando estamos perdidos, Ele nos chama. Ouvimos a Sua voz e nos acalmamos no conforto do Seu amor. O pecado está no caminho da agitação, da incontinência, das muitas vozes, dos muitos conselhos. A santidade está no sussurro de Deus aos nossos ouvidos, quando, no silêncio do nosso quarto, aquietamos a nossa alma nEle. Por isso a paz compõe o tripé da identidade do Reino. O Reino de Deus é justiça, paz e alegria no Espírito. No governo de Deus há paz. Nessa mente pacificada pela palavra do Rei, que leva todo pensamento cativo à obediência de Cristo, é que eu caminharei. Que a autoridade da Palavra de Deus me leve ao exorcismo completo de todas as mazelas do meu coração, para que no último dia eu possa dizer: “Ele foi fiel e completou a boa obra que começou em mim”; e assim, isto se torne um testemunho eterno de glória para Deus, a fim de que eu me sacie na delícia da Sua presença eternamente!

Vinícius Santos Albuquerque

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Vendo Gente como Gente

“E chegou a Betsaida; e trouxeram-lhe um cego, e rogaram-lhe que o tocasse. E, tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia; e, cuspindo-lhe nos olhos, e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe se via alguma coisa. E, levantando ele os olhos, disse: Vejo os homens; pois os vejo como árvores que andam. Depois disto, tornou a pôr-lhe as mãos sobre os olhos, e fez olhar para cima: e ele ficou restaurado, e viu cada homem claramente. E mandou-o para sua casa, dizendo: Nem entres na aldeia, nem o digas a ninguém na aldeia”

Marcos 8.22-26

Há dois anos Deus começou a abrir meus olhos para coisas no cristianismo que não estavam de acordo com a Palavra. A Bíblia, que antes era a regra de fé do cristão, agora é apenas um livro que abrimos aos domingos. Quando Deus começa a mostrar determinadas coisas a um homem, este homem quase entra em colapso. É quase aquela cena de Elias, dizendo “Deus! Só eu te sirvo! Todos se corromperam!” E Deus olha para ele e diz: “Fica quietinho. Você não sabe do que está falando. Tem milhares de joelhos que não se dobraram diante de Baal”. Esta visão primária, esta visão de início é bastante complicada.


O grande paradoxo é que ficamos cegos quando começamos a enxergar. Quando acordamos de madrugada, e está tudo escuro dentro do quarto, não enxergamos nada. Se alguém ligar a luz, você não conseguirá enxergar nada durante alguns segundos, até que a pupila se contraia, permitindo passar apenas a quantidade de luz que você suporta. Elias começou a enxergar, pelas mensagens que Deus lhe enviava, que tudo estava errado. Elias começa a ver erros em tudo e todos. Tornou-se um crítico de mão cheia. Este é o primeiro caminho que chegamos quando Deus começa a abrir os nossos olhos. Todos os que têm um relacionamento com Deus e ouvem a Sua voz de alguma forma chegam neste estágio. É aí que passamos a ver homens como árvores.


Árvore é algo banalizado. Os cães urinam nela. Os homens também. Talvez você tenha atacado as pessoas que você vê no erro, lançando toda a sua sujeira sobre ela. Estes homens, que vemos como árvores, se comportam como aquele arbusto que escondia a nudez de Adão e Eva. Quando projetamos a nossa visão na imperfeição deles, começamos a nos esconder atrás deles, dizendo “Deus! Foi o arbusto que tu me deste como pastor que me manteve neste erro!” Também usamos as árvores para benefício próprio, para produzir móveis ou qualquer outro objeto que nos seja útil ou nos traga conforto. Será que estes homens, que aos seus olhos estão caídos, não se tornaram uma zona de conforto para você? Será que você não olha para eles e diz “Olha só pra vida dele! Já cheguei num nível mais alto que o do meu pastor, porque ele não conhece toda a verdade!”? Será que os erros das “árvores” que você tem visto não estão fazendo sombra no seu coração?


Outra aplicação é que as árvores não têm sentimentos, não vivem, necessariamente, em conjunto, não tem aspectos humanos de convivência. Árvore não tem coração. Árvore não precisa de conselhos, não tem necessidades emocionais. Se quero mudar ela de lugar, arranco ela do local e pronto. Com pessoas não dá para ser assim. Cristo precisa ser formado no coração de cada um. Se arranco bruscamente a pessoa do caminho em que ela estava andando, ela voltará ao caminho errado. E, possivelmente, voltará com feridas profundas. As pessoas que vêem homens como árvores são pessoas que têm as verdades eternas dentro do coração, mas não possuem o amor. Sem amor nada tem sentido, função ou propósito.


Ver homens como árvores é ter a verdade apenas para si, vendo os homens como obstáculo para Cristo e não como compositores em potencial do Seu Reino. Não é apenas pregar o evangelho. É trazer mortos à vida. Não é apenas trazer o entendimento. É levar os aflitos a Cristo para que sejam aliviados de suas cargas e não colocar jugos mais pesados ainda. Não corrija ninguém até que tenha derramado lágrimas por ela em oração. Só isto poderá lhe dar a certeza de que a correção será feita da forma correta. O amor é a plenitude da cura da visão, pois apenas quem ama conhece a Deus e, ao mesmo tempo, apenas quem ama enxerga gente como gente.


Vinícius Santos Albuquerque

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Caminho das Pedras - Alegria no Evangelho



Essa seção tem a intenção de lhe dar versículos para que você medite e chegue à sua própria conclusão. Que Deus te ilumine através dessas "pedras" para que você faça uma construção sólida na Palavra.



"Também o reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo, que um homem achou e escondeu; e, CHEIO DE ALEGRIA, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo"
Mateus 13:44



"Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me;"
Mateus 16.24


"Não existe um negar a si mesmo completo. Negar a si mesmo é abandonar prazeres menores para alcançar prazeres maiores"
John Piper


“Não é um tolo aquele que dá o que não pode reter para ganhar o que não pode perder”

Jim Elliot
missionário morto pelos índios enquanto evangelizava na Amazônia



“Eu nunca fiz um sacrifício”
Hudson Taylor, missionário



“E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo”
Filipenses 3.8