quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Oh Profundidade das Riquezas!

“O profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!”

Romanos 11.33


Há alguns dias me perguntei por que Jesus não fez nenhum aconselhamento conjugal. Aliás, isso é muito raro no novo testamento. O que os apóstolos fazem é estender a lei do amor para dentro de casa, mas não se dão exemplos práticos. Mas com Jesus o caso é evidente demais. Ele não toca no assunto. Não diz como uma família deve se comportar. Ele trata sempre do indivíduo e sua noção de coletividade, de sociedade, de comunhão; sua noção de “até onde eu incomodo os outros”. A área de mudança sempre era o coração, o interior, a alma, e a necessidade de mudança era sempre o exterior, sendo este exterior um ser humano ou Deus. Então o ensino de Jesus se resume a “Mude dentro de você para o bem de quem não é você, para o bem das pessoas ao seu redor e para o bem do seu relacionamento com Deus”.


Tudo isso me fez gerar uma pergunta: Por quê? Por que hoje temos tantas zonas para mudar e Jesus só nos deu uma? Por que gastamos tanto tempo pregando sobre os atos pecaminosos quando Cristo pregou sobre sentimentos pecaminosos? Por quê? A resposta está neste versículo. Oh profundidade das riquezas!


Os capítulos nove, dez e onze do livro de Romanos falam de forma bem explícita sobre a eleição e a predestinação. Fala daqueles que foram escolhidos por Deus para a salvação antes da fundação do mundo e da soberania de Deus ao preordenar cada ato, inclusive os pecaminosos, para o bem dos que serão salvos. Paulo vai construindo um raciocínio muito difícil de ser acompanhado, e mais difícil ainda de ser aceito. Vai completamente contra a lógica humana. Paulo percebe o fim do seu raciocínio e vê que não consegue ir mais longe, então exclama “Oh profundidade das riquezas!!!”


Paulo estava declarando que a profundidade a ser alcançada para se ter o entendimento da soberania de Deus era profunda demais para ele. Ele estava dizendo que Deus faz tudo o que faz porque sabe o que está fazendo, mas esta razão é profunda e distante demais para compreendermos. Paulo estava dizendo que o entendimento de Deus sobre a relação de causa e efeito é infinitamente superior. Não se pode medir. Ele sabe que o que será produzido nos cristãos quando estes são salvos desta forma será algo muito melhor do que se não fosse desta forma. Este é o mesmo motivo para Jesus pregar da forma que pregou.


Jesus, ao falar apenas do coração, matou a charada de séculos de existência humana: Como não pecar? Esta pergunta foi respondida com exemplos: “Não odeie, assim você não irá matar. Não cobice, assim você não irá adulterar”. Jesus estava dizendo que as coisas não começam onde achávamos que começavam. Elas começam no interior do coração. Nas profundezas. Ao enxergar este ensino profundo, eu digo: Oh profundidade das riquezas, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Ele nos revelou em Cristo a raiz do problema.


Preste atenção: A sua guerra não é contra o adultério, contra a mentira, contra o trabalho excessivo ou contra o homicídio. A sua guerra é contra a cobiça, o desejo de se esconder, gerado no pecado de Adão, contra a ganância e contra o ódio. Está tudo no seu coração. O Evangelho é a constatação de que o meu maior problema está dentro de mim e a única solução está fora de mim. Só após essa compreensão podemos alcançar a regeneração. A regeneração e a resposta à oração de Agostinho, que disse: “Concede-me o que ordenas, ordena-me o que queres”. Na regeneração somos capacitados por Deus para viver em santidade, e esta vem do amor. Eu poderia dizer que regeneração é a restauração da capacidade de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Vinícius Santos Albuquerque

1 comentários:

Unknown disse...

Argumento complexo!mais filosófico do que esclarecedor